O caso é que o Ronaldo tinha decidido: vou tirar essa menina do show. Não importa se ela canta bem ou não. E pegou a lata de piche que estava ali ao acaso e borrou o nome da Elis Regina com brocha. "Pichar", desde então, no meio artístico e em todo lugar, virou sinônimo de falar mal das pessoas. Mais do que isso, ele substituiu Elis numa viagem para a Europa, patrocinada pela Rhodia, cheia de shows que dirigíamos. E fez pior: botou a Nara Leão no lugar dela. A Elis ficou uma fera, com toda razão, e aí deixou de falar com a gente. Eu, sem culpa no cartório, levei as sobras.

E montei uma história qualquer do russo que gostava da bailarina, que matou com uma flecha, colocado no arco do violino. Em vez do arco do violino, usou a flecha e acertou o pescoço do regente que era amante da bailarina. Elis gargalhava. Cantei uma canção russa de araque - inventei a história, plagiei a música. Bem, no dia seguinte, estávamos tentando achar um artista pra compor um show da cantora Tuca, no Rui Bar Bossa, e a meta era o Agildo Ribeiro, que se não me engano andava ocupado interpretando O auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. O estalo partiu do Ronaldo:
- Rapaz, não precisa procurar ninguém, faz você mesmo!
- Rapaz, não precisa procurar ninguém, faz você mesmo!
- Faz o quê?.
- Faz uma besteira igual àquela que fez para a Elis. Vai lá e conta suas histórias do seu jeito.
Faltavam cinco dias para a estreia do show da Tuca. Recolhi mais ou menos as bobagens que iria dizer, ensaiamos uns três números musicais.
(...)
Trecho do livro Miele, Luiz Carlos Miele
Plus:
http://revistatrip.uol.com.br/171/especial/miele/01.htm
http://jcnavegador.blogspot.com.br/2009/03/elis-regina.html
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