terça-feira, 11 de novembro de 2014

A carona

- Quando vc me perguntou se eu sabia da minha sedução...
- Na verdade não te perguntei, afirmei que vc não sabe o quão sedutor é! Exclamou me interrompendo.
- Sei lá.
- Primeiro que vc é bonito.
- Obrigado
- Segundo que tem presença. E dai terceiro, que o modo que vc fica mirando alguma coisa durante a conversa, um outro elemento, olhando pro distante, as pausas, é muito sedutor.
- HAHAHAHAH. Mas isso eu posso te desmitificar facilmente. É pq sou vesgo, então fico com vergonha de ficar morando nos olhos. A não ser em um momento de flerte.
- Não dá pra perceber de primeira... mas ainda assim, isso é de uma sedução extrema!
- Bem, mas não há mistério algum. De qlqr forma... (pausa).
- Pq? Isso te incomoda?
- Não sei. É chato se for mal interpretado. Quer dizer, meu motivo sendo claramente um...
- Mas aí é problema do teu interlocutor. E se desperta algum sensação no outro, ele precisa descobrir como te conquistar.
- Sim. 'Me parece. - 
O trânsito segue bem. As luzes vermelhas dos carros se multiplicando no vidro e espelhos me fazem lembrar de uma atração em outro momento. Continuo: 
- E vc tb é sedutor, mas hj te vi exclusivamente com outros olhos. Noutra situação, mais livre do que uma conversa de negócios... vc era uma coisa assim...
- Obrigado.
- Só que hj... foi diferente.

Chegando no Copan, me despedi sentindo uma vontade tardia de lhe dar um beijo... mas seria covarde demais. Embora não tenha captado de imediato suas intenções ao ficarmos a sós por um longo tempo, horas antes,..., só naquele momento o olhar que até então eu cobria se modificou.
Ainda que vendo novamente aquele homem apaixonado pelo que fazia numa noite distante, me contentei em apenas agradecer a carona e cia.

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