terça-feira, 11 de novembro de 2014

Da Família

ELE:
Que saudades, meu veio! Morei com a tia Lene e o tio Beto quando estavam em São Leopoldo. Acho que tinhas 6 ,7 anos.. não me lembro ao certo. O certo é que eras muito meu amigo e isso! Mesmo estando mais velho e não te lembrares, te levo dentro do meu coração. Um abração do tamanho da saudade que tenho por ti.
EU:
BAHHHHH! NOSSAA! Claro que lembro de ti. Tu ficou lá em casa por um tempo

ELE:
Te lembras de mim?
EU:
Claro. Eu não tinha visto antes sua foto, aí apareceu aqui ao lado o seu pedido de amizade... reconheci a foto mas não pelo nome.
ELE:
Quero te pedir desculpas. É que eu te incomodava muito, eu era muito chato contigo... igualzinho ao fulano.
EU:
HEHEHE Todo mundo me incomodava pra caramba... não sei pq. Mas sem problemas.
ELE:

É que eras muito querido. Cativavas as pessoas com facilidade.
EU:
Olha só! Depois tu me relembra as histórias daquela época. Lembro que algumas pessoas ficaram ali em casa por um tempo. A Lena, a Ale, o Alemão, a Dete, enfim...
ELE:
A tua mãe tem um bom coração. Gostava de ver a casa cheia de gente, e bicho também. 
Tenho que ir, outra hora a gente conversa
EU:
Vai lá que depois a gente conversa.
Bom te reencontrar.



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 Tinha um tio (entre vários) que adorava me irritar. Não lembro de que modo revidei numa situação em que o mesmo me arrastou até o chuveiro (de roupa e tudo), ligou e ficou me segurando embaixo da água fria. Era comum entrar nos socos com ele: pro meu tio eu era um anãozinho; e eu apenas estava me defendendo.

 Diria que era uma prática familiarmente sadia, embora me levasse à loucura irracional: meu tio me torrava, cutucava ou zombava, e eu ia pra cima dele. Ainda assim, não havia desrespeito pq tinha um limite qual não se ultrapassava. Enfim: esse era o modo que meu tio se relacionava comigo: NEM CERTO, NEM ERRADO. Era apenas o modo que ele encontrou de se relacionar, de se aproximar. Certo que há modos mais interessantes, mãããs... o mundo ideal não me interessa.
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 Final dos anos 90/virada para 2000 foi uma coisa horrorosa em vários sentidos, principalmente econômico. 'nos Mudamos e, por um período, trabalhávamos na praia em um ponto para gerar renda extra. Esse mesmo tio foi chamado pelos meus pais para auxiliar nesse negócio.
 Pra mim, os dias eram chatos e além do trabalho, a cultura de praia, adolescência, corpos, namoros,... havia nisso tudo um "ao redor" que não me integrava/interessava. Então, passar esse tempo descascando milho e servindo turista era uma forma de lidar (em off) com questões quais considerava mais importantes e escrever/ler nos momentos que podia.
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 Verão acabado, uma noite entrei no quarto de minha mãe onde eles acertavam o pagamento: ambos chorando... ... ... sabendo da dificuldades daqueles dias, meu tio parecia sentir por ter de aceitar (ao tempo em que negava)... e minha mãe chorando por não poder lhe fazer mais (insistindo pra que ele pegasse).

 Naquele noite, eu vi o quanto o meu tio-chato-que-me-enchia-a-paciência era importante pra minha mãe, pra toda minha família, mesmo que ela não soubesse. Naquele choro vislumbrei inúmeras histórias que desconhecia. Embora minha relação particular com ele tenha sido basicamente de um tio chato pracaralho... era o meu tio, que era/é muito especial pra mãe.






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