Foi o conjunto das circunstâncias que trouxe
um gosto diferente pr'aquele momento. Aos que curtem substâncias,
poderia dizer que se trata de uma sensação similar mas que ainda mais
potencializada, chegando ao nível das possibilidades. Embora
nunca tenha experimentado, não há dúvidas em afirmar isso pq obter uma
espécie de orgasmo a partir do teu universo interior é acordar tudo que
está adormecido em si, só que a partir de si mesmo. E o principal: é uma
força motriz que não se movimenta, mas que traz pulsão a todo resto.
Estávamos no tapete da sala donde uma reprodução de Miró abraçava uma
das paredes, as luzes azuis baixas num tom de puteiro (para alguém como
eu, que gosta de ambiente iluminado) e começa uma canção: o pulso, um
baixo que parecia roçar no solo do mesmo modo que brincávamos e me'tive
como encorporado, compelido por braços e abraços, (e os meus que lhe
queriam por inteiro), e ,ao clima do fim da canção, fomos nos arrastando
ao quarto.
Não posso dizer que estava absorvido pela mesma
pois nada naquela altura se encontrava em separado: pele, mente, som e o
silêncio dos corpos naquela brincadeira.
Mas puta merda!
Colocar uma música dessas é querer me ver apaixonado, arrastado, jogado e
indefeso. Pra minha alegria ela terminou e se seguiram outras. E até
mesmo não me surpreendeu que o gozo tenha quisto imitar um quadro de
Pollock, jogando-se à parede em conjunto com todo seu ambiente.
A música... o que ela faz ... melhor compreende quem viveu entre
tambores de pontos observando como se liga diretamente ao espírito. O
modo como uma batida representa uma energia, desdobramento de tudo.
O sexo através da canção se torna um "tocar almas", ainda que pro mais convicto ateu.
Alternativo: http://youtu.be/WNp2B5xz6oo
Obs.: pelo dia do sexo (ontem) desenterrei esse escrito. Pq o amor nos faz deuses.
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